
O dia em que um colégio de Minas subiu o morro
Em Junho de 2012, nós, professores e estudantes do Colégio Renascence fizemos uma viagem ao Rio de Janeiro com o intuito de observar as maravilhas da cidade e discutir seu processo de urbanização, crescimento e os efeitos de políticas públicas para habitantes de diversas regiões da população da cidade.
Em nosso roteiro, além de conhecermos os pontos tradicionalmente turísticos, tivemos a experiência de adentrar e participar do universo e da realidade da pacificação da favela Santa Marta (Morro Dona Marta). Em todo nosso percurso esta foi a visita mais impactante e produtiva. Foi momento importante de desconstrução de preconceitos que estão enraizados nos olhares das pessoas, mas, sobretudo, foi a possibilidade de verificarmos as políticas de pacificação dos morros cariocas e as políticas públicas de urbanização e segurança propostas pelo governo do Rio,
principalmente com a implantação das UPPs. Tivemos a oportunidade de posteriormente discutir as semelhanças e diferenças entre as políticas governamentais em Belo Horizonte e Região metropolitana que visam à melhora na qualidade de vida dos habitantes de morros e favelas, de modo a problematizar os diferentes modelos e sua aplicabilidade nos diferentes espaços.
Foi um momento muito produtivo, nas palavras de um dos professores, a experiência brutal e poética de se defrontar com a realidade vivenciada em nossas grandes cidades. Por fim problematizamos a quem de fato tais políticas beneficiam: se aos moradores das favelas ou à população “do asfalto”, que desejam, como vimos em uma frase que muitos nos impactou “a paz para continuarem ricos”, enquanto “os pobres desejam a paz para continuarem vivos”.
Vimos no Santa Marta um povo que luta por dignidade, igualdade e liberdade em uma cidade maravilhosa cheia de contrastes. Situação não muito distante da vivenciada por tantos moradores de comunidades de BH e Grande BH. Como conclusão de nosso trabalho e apresentação dos resultados dessa viagem pedagógica orientada, realizamos um debate com os estudantes do 1º e 2º ano. O debate foi momento de troca de ideias, exposição de pontos de vista, desenvolvimento de habilidades e estratégias de argumentação e, sobretudo, possibilidade de, ao debater, fazê-lo com o olhar deslocado em direção à realidade do outro. Sinto que nós e nossos estudantes fomos movidos de nossas zonas de conforto e impelidos a refletir e a realizar propostas de intervenção sobre a
sociedade em que vivemos. Experiências como essas que buscam ampliar os horizontes e tornar nossos estudantes cada fez mais críticos tem sido cada vez mais intensamente a marca da formação proporcionada por nossa escola. Em momentos como estes, temos a possibilidade de reafirmar nossa certeza de que no Colégio Renascence esta é a “educação que forma e transforma”.
Prof. Tim Bagatelas
Professor de Literatura do Colégio Renascence





